Quatro colunas


por Aura, Midríase, Sentinela e Sola

Metatexto

É sobre frases soltas, ligadas por pontos finais. Alguém poderia argumentar que o motivo disso é uma falta de habilidade de conectar frases e ideias, mas acredito ter mais a ver com a maneira que enxergo o mundo. Desconexo, ligado naturalmente por pouco, por vários pontos finais. Quem faz as vírgulas é o insuspeito leitor.

Por onde anda as minhas vírgulas? Sempre sinto que coloco pontos nas pessoas com quem converso, escuto. É sobre formulação de sentido, como minha fixação tenta explicar nos últimos anos, mas às custas de quem? O fundamento de meu sentido parece sempre estar subordinado a outro, imaculado, perfeito, aguardando pelo que há de melhor, gostoso. Só eu teria como fornecer.

Odeio escrever frases comuns. Elas precisam se segmentar, preciso rasgá-las como uma folha de papel. Substitua a pontuação pela nova linha. Linhas e mais linhas para dizer de uma mesma ideia, fonte. Meu núcleo patogênico ronda-me como uma novidade.

É sempre com letras minúsculas, reservando essas grandiosidades de A, B e C aos que dominam as letras. Conheço, com uma certa proximidade, a letra que me posiciona. Entretanto, minúscula como um grão de areia, acaba por me assustar. Areia gruda, cola no protetor solar passado em minha pele; sempre tive que tomar banho após a praia para tirar a areia, sempre me queimei sob a luz do sol.

É sobre as mesmas histórias, as quais as pessoas próximas escutaram muito pouco para saber o quanto me destroem por dentro. O homem mau, o lobo mau. O nojento pintoso, vômitoso. É de pouco em pouco, é de toque em toque, é de imperícia à suspeita. Como é bom não prestar contas!

Disse em um momento solitário que se parasse, era pior. Afirmei que, pessoalmente, posso fazer muito pouco, mas quem quero enganar? Não existe metatexto.