Quatro colunas


por Aura, Midríase, Sentinela e Sola

Levanta-te e escreva!

A palavra coluna está atrelada à sustentação - seja do corpo ou de uma edificação; se refere ao eixo principal, ao elemento fundante. Por ora, é interessante mencionar que quem vos escreve, entretanto, não é alguém do campo da engenharia, tampouco, das ciências biológicas. Sim, não possuo nenhum conhecimento sobre como garantir a saúde das articulações e vértebras da sua coluna vertebral, nem mesmo sobre quais procedimentos precisam ser empreendidos para a construção de uma casa dos sonhos. Aos vinte e tantos, ouço os gritos da coluna que se espreme para dar conta do dia. E bom, sobre minha casa, talvez eu nem saiba mais onde ela fica…

Sustentar o peso do corpo - cansado, adoecido, atropelado pelo cotidiano é tarefa difícil, capaz de extrapolar os limites da estrutura óssea que ergue o meu corpo; garante o equilíbrio e distribui, de forma harmônica, os membros inferiores e superiores. Estas palavras, equilíbrio e harmonia, são vendidas a todo - e qualquer custo - como imperativas do nosso tempo e, poderiam, inclusive, acoplarem a definição de coluna (mas não desta, que meticulosa, vergonhosa e erroneamente, se cria). A verdade é: recuso tais palavras. Faz tempo que não abro espaço para o equilíbrio profissional, pessoal, ou de qualquer outra dimensão esquecida da minha vida. Ora, faz tempo que prefiro a companhia desarmoniosa das minhas próprias palavras, e talvez, seja hora de fazer com que elas baguncem sua vida também.

Uma coluna construída sem saberes e artimanhas da engenharia e sem o vigor da saúde de um atleta. Sem equilíbrio, sem harmonia. Com desordem e sede de movimento. Alimentada pela presunção, quero, aqui, nadar contra corrente. Culpe o signo, o presidente, o capital. Se tenho vivido para me esgueirar de tudo que bate à minha porta, tal qual um corpo invertebrado, negando meu auto-sustento, talvez seja hora de, mesmo sem saber como, fazer com que as palavras, sim, as mesmas empoeiradas e deixadas à propria - falta de - sorte, reconstruam e ergam o meu próprio corpo: levanta-te e… escreva!