descompassos em partes
Dividir, duplicar, fragmentar. Não há unidade; são duas partes iguais, dançando à beira do precipício
O tempo, a casa que não é um lar, o silêncio e os murmúrios pedindo calma
O espaço, uma gaiola, as conversas incessantes
A urgência, a roupa ajustada, o doce, furtante, que perpetra o sangue
A calmaria, o conforto e o amargor da alma
Cindir, cortar, partir. Não há unidade; são duas partes iguais, correndo dentro do labirinto sem fim
Quisera viver duas (v)idas
Encontrar caminhos confusos e perder entre as escolhas rigorosas
Pudera performar a personagem boazinha, pura e santa, dotada de sua doce insegurança - como quem cala e sempre consente
Mentir e sobreviver: alimentar os monstros de branco e espera pelo príncipe azul
Romper, quebrar, despedaçar. Não há unidade; são duas partes iguais, brigando contra a lógica do tempo que fere a pele
Ambicionara a vida oposta, do luxo e da língua que profere palavras cortantes guiada pela certeza - como quem fala e surpreende
Articular tão bem quanto em sua mente os excessos e hesitações
Ser quem é, como cada um observa, mesmo com os medos tardios e virtudes juvenis
Unir, abraçar, multiplicar. Não há unidade; são duas partes diferentes, voam, fixamente, ao redor da inércia da vida.
