Quatro colunas


por Aura, Midríase, Sentinela e Sola

descompassos em partes

Dividir, duplicar, fragmentar. Não há unidade; são duas partes iguais, dançando à beira do precipício

O tempo, a casa que não é um lar, o silêncio e os murmúrios pedindo calma

O espaço, uma gaiola, as conversas incessantes

A urgência, a roupa ajustada, o doce, furtante, que perpetra o sangue

A calmaria, o conforto e o amargor da alma


Cindir, cortar, partir. Não há unidade; são duas partes iguais, correndo dentro do labirinto sem fim

Quisera viver duas (v)idas

Encontrar caminhos confusos e perder entre as escolhas rigorosas

Pudera performar a personagem boazinha, pura e santa, dotada de sua doce insegurança - como quem cala e sempre consente

Mentir e sobreviver: alimentar os monstros de branco e espera pelo príncipe azul


Romper, quebrar, despedaçar. Não há unidade; são duas partes iguais, brigando contra a lógica do tempo que fere a pele

Ambicionara a vida oposta, do luxo e da língua que profere palavras cortantes guiada pela certeza - como quem fala e surpreende

Articular tão bem quanto em sua mente os excessos e hesitações

Ser quem é, como cada um observa, mesmo com os medos tardios e virtudes juvenis


Unir, abraçar, multiplicar. Não há unidade; são duas partes diferentes, voam, fixamente, ao redor da inércia da vida.