Abafa-caso Eu tenho, mas parece que perderei. Não me importo com as roupas que minha mãe compra para mim. “Quem tem educação não deixa rastros por onde passou”, disse a simpática caixa de supermercado. Limparam minhas lágrimas quando tirei a primeira nota abaixo de nove na escola: “Já está bom demais, não criamos nenhum gênio”. Ela está tão diferente hoje, entrando por aquela sala, como ontem, anteontem… Será que ela é assim, apenas não percebia? Calado, gênio, antes que ela perceba. Tarde demais. A bunda de anos atrás ainda balança na minha cara do mesmo jeito: olho para o lado como se não quisesse, como se não pudesse querer, como se o que deixa desconcertantemente duro é indesejável. Por dentro, desejo!
