52: Quase uma boa ideia
O que isso poderia ou pode dar?
”You can be dancing…”
O que isso deu?
Umas idades não correspondentes…
Qual seria nosso clipe?
Sinceramente, o que nos une?
Ou, talvez, o que quatro colunas podem criar?
Um teto… Um chão… Um espaço…
Mas o que torna isso, esse (não) lugar mais que um espaço?
Um choro, um abraço, um brinde
O calor, o gelo, a luz
Estruturas fixas e móveis que nos fazem questionar… o que escrever?
O que sustentamos em nossas colunas?
Staying alive… escreva sobre a vida, sobreviventes que somos, podemos tentar.
Tentamos.
Engolimos o choro, a bebida, a vergonha da exposição.
Renunciamos.
Bebemos cada palavra, afeto, dor… estancamos a morte com a celebração de permaneçamos tentando.
Tentando escrever, tentando sustentar as estruturas das colunas flexíveis.
Qual a sobrevida das substâncias que ingerimos?
Quanto tempo duram os efeitos de um pretexto?
O que gere (ou sugere) os nossos desencontrados caminhos?
Arriscaria dizer que é a de-cisão. Insistimos em não ceder ao desmoronamento das nossas circunstâncias.
Apostamos mais uma vez. Colocamos as palavras em jogo. Em retrospectiva, sentimos que sentimos muito. E fazemos disso, MOTOR.
Como um Chaplin sendo engolido pelas ranhuras de engrenagem, mói como uma máquina de ferro: o tempo passa, as fagulhas quentes de metal voam em nossa face.
O que nos sobra, afinal? Um pedaço de carne, um gole de gin velho, um pouco de chão frio e acolhedor. Está limpo! Limpa como todas as nossas histórias: conflituosa, pedregosa, cheia de sutilezas que não podem ser lidas em voz alta.
Apesar da vida, pesada como uma pedra no caminho, estamos aqui falando sobre o que não conseguimos dizer, nossos textos como alusões. O motor, ao relento, sinto saudades já não me recordo porquê.